Demanda por conexão de data centers à rede elétrica subiu 32% após Redata

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A demanda de conexão de novos data centers à rede elétrica nacional aumentou mais de 30% após a edição do Redata, programa lançado pelo governo em setembro que busca incentivar investimentos no setor através da redução da carga tributária, segundo informações da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Nos dois meses de vigência da medida provisória do Redata, os pedidos de conexão de data centers à rede elétrica em análise pelo Ministério de Minas e Energia aumentaram 6,4 GW (gigawatts), para 26,2 GW em novembro, ou 32,3%, de acordo com a EPE, que é vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

O volume demandado pelos instalações é expressivo, considerando que o Brasil tem hoje menos de 1 GW em data centers operacionais, conforme estimativas de mercado. Os 26 GW, se atendidos, representariam mais de um quarto de toda a demanda de energia do Brasil.

Em comunicado, a EPE destacou que a concretização efetiva desses projetos que pediram conexão à rede de energia depende de “múltiplos condicionantes”, como viabilidade econômico-financeira e disponibilidade de infraestrutura do sistema de transmissão e de telecomunicações.

O órgão, que é responsável pelo planejamento do setor elétrico brasileiro, vem enfrentando o desafio de estimar o crescimento real do mercado de data centers e sua demanda de energia futura.

A dificuldade se deve ao fato de que a maioria dos projetos pede acesso à rede elétrica ainda nos estágios iniciais, antes mesmo de garantir contratos que confirmem sua execução. O temor é de que o Brasil planeje obras bilionárias de reforços na transmissão e distribuição de energia, onerando os consumidores, para atender uma demanda inflada, baseada em projetos que não vão sair do papel.

REGIÕES DE MAIOR DEMANDA

O desenvolvimento do mercado de data centers tem se concentrado principalmente no Estado de São Paulo, com destaque para as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.

A EPE observou que já vem trabalhando em estudos para atender a demanda futura do segmento nessas áreas, tendo recomendado ao governo R$ 1,6 bilhão em novos investimentos de transmissão para o sistema de São Paulo. Essas intervenções têm potencial para destravar cerca de 4 GW em margem de conexão para novos projetos.

“Os estudos para o Estado de São Paulo seguem em andamento e a expectativa é de recomendação de novas obras que deverão compor os próximos leilões de 2026, que propiciarão, ainda, um acréscimo de cerca de 5 GW de margem de conexão em todo o Estado”, disse.

Para o Estado do Rio de Janeiro, a EPE prevê em 2026 a realização de um estudo específico de “inserção de grandes cargas”, com foco na avaliação das condições elétricas e das alternativas de reforço necessárias para viabilizar a conexão da ordem de 4 GW em novos projetos.

Outros estudos estão em andamento para o Rio Grande do Sul, onde a Scala Data Centers pretende viabilizar um complexo de data centers em Eldorado do Sul (RS), na região metropolitana de Porto Alegre, e para o Nordeste, onde busca-se aumentar em 4 GW a capacidade existente de conexão de grandes cargas.

A EPE destacou ainda que analisa “alternativas inovadoras” para viabilizar espaço na rede elétrica para data centers no curto e médio prazos, já que a licitação e construção de novas instalações de transmissão pode demorar vários anos.

Entre essas tecnologias, estão os FACTS (equipamentos com eletrônica de potência) para controle de fluxos e dispositivos DLR para flexibilização de limites operativos de linhas de transmissão existentes.

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